Se a sua resolução de Ano Novo foi aprender modos de uma vez por todas, talvez você se interesse pelo meu livro: Sistema Modal Avançado. Você pode adquirir uma cópia física diretamente comigo em Portugal, na @mousikebr no Brasil ou pelos links abaixo. Para todos os instrumentos. Versão e-book também disponível.
Leandro Fonseca
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Você sabia que os, assim chamados, modos gregos formam somente a ponta de um grande iceberg?
Este livro vai muito além dos modos básicos, mas começando do zero, pra quem nunca estudou o assunto ou sabe apenas um pouco, passando pelos modos das escalas menor harmônica e menor melódica, para alunos intermediários e apresentando mais outros vinte e um modos avançados, gerados pelas outras três importantíssimas escalas heptatônicas que completam o sistema, para alunos avançados, músicos profissionais e professores de música.
São 42 modos, gerados pelas 6 grandes escalas, e ainda há espaço para discutir a expansão do sistema, sendo possível chegar em 462 modos!
Texto único em seu gênero, conta com a excelente didática, olhar cuidadoso e experiência de mais de duas décadas do músico, compositor e professor Leandro Fonseca.
Descubra novos recursos e sonoridades riquíssimas para suas composições, arranjos e improvisos. Se você se interessa pelo assunto modos gregos, esse livro foi feito pra você.
Eu acho meio chato explicar as músicas. Pra mim, é como ter que explicar uma piada. Mas música instrumental carece justamente do texto e para o músico, ou estudante, talvez seja interessante poder fazer algumas observações sobre conceitos. Por isso, escrevi esta pequena explanação sobre La Reina.
Em relação à sonoridade, o Mixolídio seria um modo meio suspenso, transitório, mais claro do que o Frígio que seria um modo mais tenso, misterioso e exótico.
O Frígio é comumente associado ao som da música mediterrânea, em especial, à música espanhola que, por sua vez, tem forte influência da música árabe. Já o Mixolídio é bastante comum na Região Nordeste do Brasil.
Quanto à improvisação, ou seja, quando os modos assumem a função de escala dos acordes, o Frígio é associado a um acorde suspenso com nona menor – sus4(b9) -, enquanto o Mixolídio está relacionado com acordes do tipo dominante (maiores ou suspensos com a sétima menor).
Neste ponto, o modo Mixolídio e o Frígio se aglutinam, já que a terça menor do Frígio pode ser tratada como uma nona aumentada e, assim, ele assume uma opção de escala para acordes dominantes alterados (maiores ou suspensos com a sétima menor, com nona menor, nona aumentada e décima terceira menor). Note que, neste caso, a terça maior do acorde não está inclusa no modo.
Um dos modos sintéticos da menor melódica, o Frígio 6, é aplicado sobre acordes dominantes com nona menor, nona aumentada e décima terceira. O modo Frígio Maior, ou Mixolídio b9 b13, modo sintético da escala menor harmônica, também é aplicado sobre acordes dominantes com nona menor e décima terceira menor, sendo comum, ainda, a inclusão da nona aumentada, transformando o modo em uma escala de oito notas.
Resumindo, ao conciliar a nona menor, nota característica do Frígio, com estruturas dominantes, é possível observar uma conexão entre esses dois modos.
Frígio -> Frígio 6 -> Frígio Maior = Mixolídio b9 b13 -> Mixolídio b9 -> Mixolídio (escuro pro claro)
Em La Reina, o modo base para a composição foi o Mixolídio b9, mas existe essa mistura de influências da música mediterrânea e da música brasileira em uma música que é mais prog e metal do que qualquer outra coisa.
Ah, e há uma brincadeira com o nome da música. La Reina é A Rainha em espanhol, mas a música gira em torno da nota Lá, ou seja, Lá Reina.
Pompeii é um outro exemplo. O modo utilizado é o Mi Frígio 6 #4 (Mi Fá Sol Lá# Si Dó# Ré Mi). A primeira parte apresenta um dedilhado meio misterioso e, em seguida, aparece uma parte contrastante, com uma sonoridade mais brasileira, em intervalos de sexta. Na reapresentação da primeira parte, a bateria já assume um ritmo de baião. O modo Mixolídio #4 (ou Lídio b7) seria a opção mais convencional para uma situação como essa. Novamente existe essa fusão de algo mais Frígio, mais misterioso, mais espanhol com algo mais Mixolídio, mais nordestino, mais brasileiro.
Nada como conhecer bem o braço da guitarra e saber localizar com facilidade qualquer nota em qualquer região. Mas a guitarra é um instrumento que possibilita a utilização de desenhos de digitação e isso ajuda bastante quem está começando – e até quem já toca – a ter mais fluência, desenvolver a velocidade, mudar de tom ou de escala, ou de acorde ou qualquer outro elemento com mais facilidade.
Sendo assim, aqui eu disponibilizo os desenhos fechados de digitação da Escala Maior Harmônica e de seus modos sintéticos. Informações teóricas sobre essa escala você encontra aqui.
A Escala Maior Harmônica é a qurta grande escala geradora de modos interessantes, a saber, Escala Diatônica, Menor Melódica, Menor Harmônica, Maior Harmônica, Menor Melódica b5 e Menor Melódica #5. A Escala Maior Harmônica possui um intervalo de segunda aumentada, o que lhe confere também aquele sabor oriental/mediterrânico/árabe.
Lick com o modo Mixolídio b9 em Lá
Os desenhos estão em Dó Maior Harmônica e servem para os modos:
Dó Jônio b6 – Dó Ré Mi Fá Sol Láb Si Dó Ré Dório b5 – Ré Mi Fá Sol Láb Si Dó Ré Mi Frígio b4 – Mi Fá Sol Láb Si Dó Ré Mi Fá Lídio b3 – Fá Sol Láb Si Dó Ré Mi Fá Sol Mixolídio b9 – Sol Láb Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Lídio #5 #9 – Láb Si Dó Ré Mi Fá Sol Láb Si Lócrio º7 – Si Dó Ré Mi Fá Sol Láb Si
Harmonia,s.f. 1. Sucessão de sons agradáveis ao ouvido; 2. arte de formar e dispor os acordes musicais; 3. disposição ordenada entre as partes de um todo; 4. suavidade de estilo; 5. concórdia; paz e amizade entre pessoas; 6. proporção; simetria; 7. coerência.
Harmônico, adj. 1. Concernente a harmonia; 2. em que há harmonia; harmonioso; 3. regular; coerente; proporcionado.
Amora (1998)
Harmonia: o ensino dos complexos sonoros (acordes) e de suas possibilidades de encadeamento, tendo em conta seus valores arquitetônicos, melódicos e rítmicos e suas relações de equilíbrio.
Schoenberg (1911)
A palavra harmonia no âmbito musical está sempre relacionada com acordes. Harmonia é o estudo dos acordes e suas relações e/ou funções.
Os harmônicos estão relacionados com a série harmônica, que também tem tudo a ver com formação de acordes, mas não é assunto para este post.
Campo,s.m. física 1. Região que se encontra sob a influência de alguma força ou agente físico; sentido figurado 2. área em que se desenvolve determinada atividade; 3. assunto, motivo, tema; 4. esfera de ação; domínio, âmbito.
Dicionário do Google (2018)
Campo Harmônico é, então, um grupo ou conjunto (Campo) de acordes (Harmônico), gerado a partir de uma escala. Usamos normalmente para isso nossas seis grandes escalas.
Empilhando as notas das escalas em intervalos de terça (em dó maior, por exemplo: acorde I – dó mi sol si = C7M, acorde II – ré fá lá dó = Dm7, e, assim por diante, usando apenas notas da escala em questão), obtemos os campos:
Anteriormente, vimos algumas informações sobre os Modos Diatônicos. Caso tenha perdido, acesse aqui.
Esses Modos podem ser entendidos e estruturados através da Escala Diatônica.
Tomando a Escala Diatônica de Dó Maior, como exemplo, teremos:
Jônio – Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Dório – Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Frígio – Mi Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Lídio – Fá Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Mixolídio – Sol Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Eólio – Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Lócrio – Si Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si
As Escalas Menores, por sua vez, geram os Modos Sintéticos, ou seja, variações dos sete modos originais.
Escala Menor Harmônica (F 2M 3m 4J 5J 6m 7M) em Lá:
Escala Menor Harmônica ou Eólio 7M – Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol# Lá Lócrio 6 – Si Dó Ré Mi Fá Sol# Lá Si Jônio #5 – Dó Ré Mi Fá Sol# Lá Si Dó Dório #4– Ré Mi Fá Sol# Lá Si Dó Ré Frígio Maior ou Mixolídio b9 b13 – Mi Fá Sol# Lá Si Dó Ré Mi Lídio #2 (ou #9) – Fá Sol# Lá Si Dó Ré Mi Fá Escala Diminuta Harmônica – Sol# Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol#
Escala Menor Melódica (F 2M 3m 4J 5J 6M 7M) em Dó:
Escala Menor Melódica ou Dório 7M – Dó Ré Mib Fá Sol Lá Si Dó Frígio 6 ou Dório b9 – Ré Mib Fá Sol Lá Si Dó Ré Lídio #5 – Mib Fá Sol Lá Si Dó Ré Mib Mixolídio #4 (ou #11) ou Lídio b7 – Fá Sol Lá Si Dó Ré Mib Fá Mixolídio b13 – Sol Lá Si Dó Ré Mib Fá Sol Lócrio 9 ou Eólio b5 – Lá Si Dó Ré Mib Fá Sol Lá Escala Alterada ou Super Lócrio – Si Dó Ré Mib Fá Sol Lá Si
Não muito usual, temos ainda a Escala Maior Harmônica.
Hoje, tratamos com naturalidade o uso de acordes do campo maior e menor dentro de uma mesma música, mas foi por meio da Escala Maior Harmônica que se deram as primeiras explicações teóricas a respeito do uso da subdominante menor em tons maiores e do sétimo grau diminuto resolvendo em uma tônica maior.
Hugo Riemann sugeriu que a subdominante menor em tons maiores funcionaria como uma dominante em tons menores.
Para Ernst Kurth, a Escala Maior Harmônica e o uso da subdominante menor em tons maiores foi um dos primeiros passos que a tonalidade clássica tomou em direção ao cromatismo de Wagner, que culminou com a dissolução completa do sistema tonal.
Essa escala, empregada a partir do século XIX, a princípio foi chamada de Maior-Menor.
O nome Escala Maior Harmônica foi adotado por Rimsky-Korsakov que reuniu uma série de exemplos e a colocou em pé de igualdade com a Escala Diatônica Maior.
Atualmente, a Escala Maior Harmônica é usada e difundida entre alguns músicos de jazz, mas fica aqui a minha sugestão para que você teste a sonoridade dessa escala e de seus modos sintéticos.
Escala Maior Harmônica (F 2M 3M 4J 5J 6m 7M) em Dó:
Escala Maior Harmônica ou Jônio b6 – Dó Ré Mi Fá Sol Láb Si Dó Dório b5 ou Lócrio 6 9 – Ré Mi Fá Sol Láb Si Dó Ré Frígio b4 – Mi Fá Sol Láb Si Dó Ré Mi Lídio b3 ou Dório #4 7M – Fá Sol Láb Si Dó Ré Mi Fá Mixolídio b9 – Sol Láb Si Dó Ré Mi Fá Sol Lídio #5 #9 – Láb Si Dó Ré Mi Fá Sol Láb Lócrio º7 – Si Dó Ré Mi Fá Sol Láb Si
Repare que as quatro escalas se diferem por apenas uma nota:
Diatônica – Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si Dó Menor Harmônica – Lá Si Dó Ré Mi Fá Sol# Lá Menor Melódica – Dó Ré Mib Fá Sol Lá Si Dó Maior Harmônica – Dó Ré Mi Fá Sol Láb Si Dó
Ou seja, não é muito difícil colocá-las em prática.
Podemos, ainda, resumir da seguinte forma:
A Escala Diatônica Maior (3M) e a Escala Menor Melódica (3m) se diferem apenas pela terça. A Escala Maior Harmônica (3M) e a Escala Menor Harmônica (3m) se diferem apenas pela terça. Nesse contexto, é conveniente, e até usual, chamar a Escala Diatônica Maior de Escala Maior Melódica.